RELATÓRIO DE ATIVIDADES GESTAR II – LÍNGUA PORTUGUESA
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DOS ANOS/SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Professor Formador: Rosane Miranda Rodrigues dos Reis -SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE MANHUAÇU
RELATÓRIO DO TERCEIRO ENCONTRO
Realizamos no dia 06 de junho de 2009, nas dependências da Secretaria Municipal de Educação de Manhuaçu, o terceiro encontro com os professores cursistas do Gestar II de Língua Portuguesa, cumprindo a carga horária prevista de quatro horas, a saber, início às 7h e término às 11horas. O primeiro momento, destinado aos comentários e as discussões sobre as atividades focalizadas nas unidades 11 e 12, previsto para 30 minutos, se estendeu bastante, devido ao grau de dificuldade dos conceitos estudados. Realizamos juntos a releitura de alguns pontos mais relevantes. A discussão e identificação de sequências tipológicas presentes nos textos possibilitou a reconstrução de conceitos e permitiu ao grupo a revisão de antigos paradigmas. O segundo momento, previsto para ser realizados em 50 minutos, fundiu-se ao primeiro: fomos ouvindo os relatos do avançando na prática à medida que fazíamos releitura dos textos e comentários das experiências em sala de aula. A Oficina 6: TP3 – Unidade 12 (pág. 194), prevista para 120 min, começou a ser desenvolvida já no primeiro momento, com as reflexões sobre os conceitos fundamentais trabalhados nas unidades 11 e 12 (identificados e selecionados em casa pelos cursistas); neste ínterim também a realização em grupo das atividades 5 (unidade 11) e 4 (unidade 12) foram antecipadas e discutidas ao serem revistas na leitura conjunta; foram formados dois grupos para a realização da análise do texto Composição: o salário mínimo de Jô Soares: ao voltarmos ao grande grupo, foram levantadas as seguintes considerações a respeito do texto analisado: o gênero “redação escolar” serviu de motivo, em 1º plano, para o real objetivo do autor, a saber, ironizar o poder de compra do salário mínimo. O objetivo real do texto o caracteriza como “crônica” e pode ser confirmado nos argumentos e no suporte utilizado para a sua divulgação, revista de circulação nacional. Essa constatação reforça os conceitos vistos nas unidades anteriores: o gênero deve ser analisado levando-se em consideração a função, a forma e o suporte. Aqui, o suporte foi definitivo para a classificação do gênero, visto que uma redação escolar não seria publicada em revista de circulação nacional, a menos que esta fosse específica da área de educação. Os professores identificaram, dentre os recursos que se configuram no texto escolar, o ponto de vista infantil (infantilizado pelo autor como recurso expressivo), em trechos tais como:“eu não sei bem o que é cesta básica”; “é só diminuir o tamanho da cesta que aí cabe tudo”; “a minha mesada é muito pequena”; “com o que a minha mãe me dá quase não dá pra comprar figurinha”. Também foram identificadas palavras e expressões que remetem ao universo escolar tais como “eu disse esse nome no recreio e a professora me deixou de castigo”, “espero que a professora me dê uma boa nota”. O ritmo do texto também é característico de redação escolar: “se eu fosse presidente da República mudava o salário mínimo para um salário bem grande e chamava ele de salário máximo.” (com marcas da oralidade “chamava ele” “se eu fosse/mudava ( e não, mudaria)”; o recurso gráfico utilizado na fonte cursiva, e, finalmente, o título, que nos remete àquele universo. Faltou-nos a informação sobre a data da publicação, o que nos permitiria uma leitura contextualizada ainda mais rica. No entanto, sabemos que seu real contexto de produção não é o universo escolar, e então, dentre as pistas deixadas pelo autor, foram apontadas o saber adulto ao dizer que “quem ganha salário mínimo não tem dinheiro para comprar revólver”; saber que o “aumento do salário mínimo está, de certa forma, atrelado ao pagamento de benefícios como a aposentadoria”; saber que a cesta básica serve de cálculo para o valor do salário mínimo e ironizar, se escondendo no sujeito lírico infantil, que é ‘só diminuir bastante o tamanho da cesta que aí cabe tudo’; saber da Constituição e dos direitos previstos em lei, aviltados pelo salário mínimo; saber sobre o desemprego e ironizar a figura do tio que ‘acredita’ no livro chamado “Constituição”. Enfim, como já dissemos, embora apresente-se em forma de redação escolar, sua função ou objetivo o caracterizam como pertencente ao gênero crônica, e, finalmente, o suporte (revista de circulação nacional) - além do nosso conhecimento de mundo sobre quem é Jô Soares - terminam por configurá-lo neste gênero e não naquele. O efeito alcançado através dessa transposição de gêneros vai além das expectativas que se pode ter em relação ao texto escolar: o pretexto para se apresentar criticamente diante do absurdo de se conceber, como salário mínimo, uma quantia irrisória que não contempla o que legalmente prevê a Constituição. Ao se apresentar através de um sujeito lírico infantil, ‘inocente’, temos a argumentação construída do ponto de vista de quem “não sabe” ou “não compreende” ainda como funciona a distribuição de renda no País. No entanto, nas subjacências do texto, temos o que de fato o cronista quer passar – o salário mínimo não é suficiente para as necessidades básicas previstas em lei, mas a maioria dos cidadãos brasileiros é levada ‘inocentemente’ a acreditar ou a fingir que acredita que ele é suficiente para uma família viver ou sobreviver por um mês. Essa “inocência” é então ridicularizada, ironizada, escondida num narrador infantil. Outra observação interessante foi feita com relação à seqüência tipológica determinante presente no texto: embora tenhamos na superfície o predomínio de seqüências narrativas, temos na leitura de profundidade a discussão de um tema, que aliás, é o objetivo final do texto, caracterizando-o como dissertativo. Essa estrutura aproxima o texto de Jô Soares aos textos escritos em condição real de produção, por nossos alunos, que utilizam-se de seqüências narrativas para expor e argumentar em seus textos dissertativos. Nos 20 minutos restantes preparamos as unidades seguintes. Registramos nesse encontro a presença de mais três professores, aumentando nosso grupo em qualidade e diversidade, além de potencializar nossas trocas de experiência consideravelmente. Passado o primeiro contato com o material do Gestar, o grupo se apresentou mais tranquilo com relação ao tempo previsto para o cumprimento da carga horária do curso. As observações quanto à qualidade do material elaborado pelo Gestar, como sempre, foram reveladoras de uma ótima opção de trabalho, registrando aceitação dos docentes e discentes envolvidos.
Realizamos no dia 06 de junho de 2009, nas dependências da Secretaria Municipal de Educação de Manhuaçu, o terceiro encontro com os professores cursistas do Gestar II de Língua Portuguesa, cumprindo a carga horária prevista de quatro horas, a saber, início às 7h e término às 11horas. O primeiro momento, destinado aos comentários e as discussões sobre as atividades focalizadas nas unidades 11 e 12, previsto para 30 minutos, se estendeu bastante, devido ao grau de dificuldade dos conceitos estudados. Realizamos juntos a releitura de alguns pontos mais relevantes. A discussão e identificação de sequências tipológicas presentes nos textos possibilitou a reconstrução de conceitos e permitiu ao grupo a revisão de antigos paradigmas. O segundo momento, previsto para ser realizados em 50 minutos, fundiu-se ao primeiro: fomos ouvindo os relatos do avançando na prática à medida que fazíamos releitura dos textos e comentários das experiências em sala de aula. A Oficina 6: TP3 – Unidade 12 (pág. 194), prevista para 120 min, começou a ser desenvolvida já no primeiro momento, com as reflexões sobre os conceitos fundamentais trabalhados nas unidades 11 e 12 (identificados e selecionados em casa pelos cursistas); neste ínterim também a realização em grupo das atividades 5 (unidade 11) e 4 (unidade 12) foram antecipadas e discutidas ao serem revistas na leitura conjunta; foram formados dois grupos para a realização da análise do texto Composição: o salário mínimo de Jô Soares: ao voltarmos ao grande grupo, foram levantadas as seguintes considerações a respeito do texto analisado: o gênero “redação escolar” serviu de motivo, em 1º plano, para o real objetivo do autor, a saber, ironizar o poder de compra do salário mínimo. O objetivo real do texto o caracteriza como “crônica” e pode ser confirmado nos argumentos e no suporte utilizado para a sua divulgação, revista de circulação nacional. Essa constatação reforça os conceitos vistos nas unidades anteriores: o gênero deve ser analisado levando-se em consideração a função, a forma e o suporte. Aqui, o suporte foi definitivo para a classificação do gênero, visto que uma redação escolar não seria publicada em revista de circulação nacional, a menos que esta fosse específica da área de educação. Os professores identificaram, dentre os recursos que se configuram no texto escolar, o ponto de vista infantil (infantilizado pelo autor como recurso expressivo), em trechos tais como:“eu não sei bem o que é cesta básica”; “é só diminuir o tamanho da cesta que aí cabe tudo”; “a minha mesada é muito pequena”; “com o que a minha mãe me dá quase não dá pra comprar figurinha”. Também foram identificadas palavras e expressões que remetem ao universo escolar tais como “eu disse esse nome no recreio e a professora me deixou de castigo”, “espero que a professora me dê uma boa nota”. O ritmo do texto também é característico de redação escolar: “se eu fosse presidente da República mudava o salário mínimo para um salário bem grande e chamava ele de salário máximo.” (com marcas da oralidade “chamava ele” “se eu fosse/mudava ( e não, mudaria)”; o recurso gráfico utilizado na fonte cursiva, e, finalmente, o título, que nos remete àquele universo. Faltou-nos a informação sobre a data da publicação, o que nos permitiria uma leitura contextualizada ainda mais rica. No entanto, sabemos que seu real contexto de produção não é o universo escolar, e então, dentre as pistas deixadas pelo autor, foram apontadas o saber adulto ao dizer que “quem ganha salário mínimo não tem dinheiro para comprar revólver”; saber que o “aumento do salário mínimo está, de certa forma, atrelado ao pagamento de benefícios como a aposentadoria”; saber que a cesta básica serve de cálculo para o valor do salário mínimo e ironizar, se escondendo no sujeito lírico infantil, que é ‘só diminuir bastante o tamanho da cesta que aí cabe tudo’; saber da Constituição e dos direitos previstos em lei, aviltados pelo salário mínimo; saber sobre o desemprego e ironizar a figura do tio que ‘acredita’ no livro chamado “Constituição”. Enfim, como já dissemos, embora apresente-se em forma de redação escolar, sua função ou objetivo o caracterizam como pertencente ao gênero crônica, e, finalmente, o suporte (revista de circulação nacional) - além do nosso conhecimento de mundo sobre quem é Jô Soares - terminam por configurá-lo neste gênero e não naquele. O efeito alcançado através dessa transposição de gêneros vai além das expectativas que se pode ter em relação ao texto escolar: o pretexto para se apresentar criticamente diante do absurdo de se conceber, como salário mínimo, uma quantia irrisória que não contempla o que legalmente prevê a Constituição. Ao se apresentar através de um sujeito lírico infantil, ‘inocente’, temos a argumentação construída do ponto de vista de quem “não sabe” ou “não compreende” ainda como funciona a distribuição de renda no País. No entanto, nas subjacências do texto, temos o que de fato o cronista quer passar – o salário mínimo não é suficiente para as necessidades básicas previstas em lei, mas a maioria dos cidadãos brasileiros é levada ‘inocentemente’ a acreditar ou a fingir que acredita que ele é suficiente para uma família viver ou sobreviver por um mês. Essa “inocência” é então ridicularizada, ironizada, escondida num narrador infantil. Outra observação interessante foi feita com relação à seqüência tipológica determinante presente no texto: embora tenhamos na superfície o predomínio de seqüências narrativas, temos na leitura de profundidade a discussão de um tema, que aliás, é o objetivo final do texto, caracterizando-o como dissertativo. Essa estrutura aproxima o texto de Jô Soares aos textos escritos em condição real de produção, por nossos alunos, que utilizam-se de seqüências narrativas para expor e argumentar em seus textos dissertativos. Nos 20 minutos restantes preparamos as unidades seguintes. Registramos nesse encontro a presença de mais três professores, aumentando nosso grupo em qualidade e diversidade, além de potencializar nossas trocas de experiência consideravelmente. Passado o primeiro contato com o material do Gestar, o grupo se apresentou mais tranquilo com relação ao tempo previsto para o cumprimento da carga horária do curso. As observações quanto à qualidade do material elaborado pelo Gestar, como sempre, foram reveladoras de uma ótima opção de trabalho, registrando aceitação dos docentes e discentes envolvidos.
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