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Manhuaçu, Minas Gerais, Brazil
Atualmente sou Analista da Educação na Secretaria Municipal de Educação de Manhuaçu (SMEM), e também Professora de Educação Básica pela Secretaria Estadual de Educação (SEE) na área de Língua Portuguesa, lotada na E.E. Maria de Lucca Pinto Coelho. Sempre me identifiquei com a educação, filha de professora, cresci entre os livros. Sempre gostei de ler e de escrever . Durante a minha formação em magistério de 1º grau tive ótimos professores, verdadeiros mestres, que deixaram seus exemplos como ensinamento maior. Esses exemplos foram reforçados na faculdade de Letras, que cursei em Carangola – MG, mais tarde me especializando em Língua Portuguesa e Literatura em Língua Portuguesa, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Carangola; Linguística Aplicada, pela Universidade Federal de Uberlândia; e Mestrado em Estudos Linguísticos, pela Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG). Assim, sempre cercada de bons motivos, abracei a carreira, a qual me dedico de coração.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Relatório Terceiro Encontro

RELATÓRIO DE ATIVIDADES GESTAR II – LÍNGUA PORTUGUESA

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DOS ANOS/SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Professor Formador: Rosane Miranda Rodrigues dos Reis -SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE MANHUAÇU

RELATÓRIO DO TERCEIRO ENCONTRO

Realizamos no dia 06 de junho de 2009, nas dependências da Secretaria Municipal de Educação de Manhuaçu, o terceiro encontro com os professores cursistas do Gestar II de Língua Portuguesa, cumprindo a carga horária prevista de quatro horas, a saber, início às 7h e término às 11horas. O primeiro momento, destinado aos comentários e as discussões sobre as atividades focalizadas nas unidades 11 e 12, previsto para 30 minutos, se estendeu bastante, devido ao grau de dificuldade dos conceitos estudados. Realizamos juntos a releitura de alguns pontos mais relevantes. A discussão e identificação de sequências tipológicas presentes nos textos possibilitou a reconstrução de conceitos e permitiu ao grupo a revisão de antigos paradigmas. O segundo momento, previsto para ser realizados em 50 minutos, fundiu-se ao primeiro: fomos ouvindo os relatos do avançando na prática à medida que fazíamos releitura dos textos e comentários das experiências em sala de aula. A Oficina 6: TP3 – Unidade 12 (pág. 194), prevista para 120 min, começou a ser desenvolvida já no primeiro momento, com as reflexões sobre os conceitos fundamentais trabalhados nas unidades 11 e 12 (identificados e selecionados em casa pelos cursistas); neste ínterim também a realização em grupo das atividades 5 (unidade 11) e 4 (unidade 12) foram antecipadas e discutidas ao serem revistas na leitura conjunta; foram formados dois grupos para a realização da análise do texto Composição: o salário mínimo de Jô Soares: ao voltarmos ao grande grupo, foram levantadas as seguintes considerações a respeito do texto analisado: o gênero “redação escolar” serviu de motivo, em 1º plano, para o real objetivo do autor, a saber, ironizar o poder de compra do salário mínimo. O objetivo real do texto o caracteriza como “crônica” e pode ser confirmado nos argumentos e no suporte utilizado para a sua divulgação, revista de circulação nacional. Essa constatação reforça os conceitos vistos nas unidades anteriores: o gênero deve ser analisado levando-se em consideração a função, a forma e o suporte. Aqui, o suporte foi definitivo para a classificação do gênero, visto que uma redação escolar não seria publicada em revista de circulação nacional, a menos que esta fosse específica da área de educação. Os professores identificaram, dentre os recursos que se configuram no texto escolar, o ponto de vista infantil (infantilizado pelo autor como recurso expressivo), em trechos tais como:“eu não sei bem o que é cesta básica”; “é só diminuir o tamanho da cesta que aí cabe tudo”; “a minha mesada é muito pequena”; “com o que a minha mãe me dá quase não dá pra comprar figurinha”. Também foram identificadas palavras e expressões que remetem ao universo escolar tais como “eu disse esse nome no recreio e a professora me deixou de castigo”, “espero que a professora me dê uma boa nota”. O ritmo do texto também é característico de redação escolar: “se eu fosse presidente da República mudava o salário mínimo para um salário bem grande e chamava ele de salário máximo.” (com marcas da oralidade “chamava ele” “se eu fosse/mudava ( e não, mudaria)”; o recurso gráfico utilizado na fonte cursiva, e, finalmente, o título, que nos remete àquele universo. Faltou-nos a informação sobre a data da publicação, o que nos permitiria uma leitura contextualizada ainda mais rica. No entanto, sabemos que seu real contexto de produção não é o universo escolar, e então, dentre as pistas deixadas pelo autor, foram apontadas o saber adulto ao dizer que “quem ganha salário mínimo não tem dinheiro para comprar revólver”; saber que o “aumento do salário mínimo está, de certa forma, atrelado ao pagamento de benefícios como a aposentadoria”; saber que a cesta básica serve de cálculo para o valor do salário mínimo e ironizar, se escondendo no sujeito lírico infantil, que é ‘só diminuir bastante o tamanho da cesta que aí cabe tudo’; saber da Constituição e dos direitos previstos em lei, aviltados pelo salário mínimo; saber sobre o desemprego e ironizar a figura do tio que ‘acredita’ no livro chamado “Constituição”. Enfim, como já dissemos, embora apresente-se em forma de redação escolar, sua função ou objetivo o caracterizam como pertencente ao gênero crônica, e, finalmente, o suporte (revista de circulação nacional) - além do nosso conhecimento de mundo sobre quem é Jô Soares - terminam por configurá-lo neste gênero e não naquele. O efeito alcançado através dessa transposição de gêneros vai além das expectativas que se pode ter em relação ao texto escolar: o pretexto para se apresentar criticamente diante do absurdo de se conceber, como salário mínimo, uma quantia irrisória que não contempla o que legalmente prevê a Constituição. Ao se apresentar através de um sujeito lírico infantil, ‘inocente’, temos a argumentação construída do ponto de vista de quem “não sabe” ou “não compreende” ainda como funciona a distribuição de renda no País. No entanto, nas subjacências do texto, temos o que de fato o cronista quer passar – o salário mínimo não é suficiente para as necessidades básicas previstas em lei, mas a maioria dos cidadãos brasileiros é levada ‘inocentemente’ a acreditar ou a fingir que acredita que ele é suficiente para uma família viver ou sobreviver por um mês. Essa “inocência” é então ridicularizada, ironizada, escondida num narrador infantil. Outra observação interessante foi feita com relação à seqüência tipológica determinante presente no texto: embora tenhamos na superfície o predomínio de seqüências narrativas, temos na leitura de profundidade a discussão de um tema, que aliás, é o objetivo final do texto, caracterizando-o como dissertativo. Essa estrutura aproxima o texto de Jô Soares aos textos escritos em condição real de produção, por nossos alunos, que utilizam-se de seqüências narrativas para expor e argumentar em seus textos dissertativos. Nos 20 minutos restantes preparamos as unidades seguintes. Registramos nesse encontro a presença de mais três professores, aumentando nosso grupo em qualidade e diversidade, além de potencializar nossas trocas de experiência consideravelmente. Passado o primeiro contato com o material do Gestar, o grupo se apresentou mais tranquilo com relação ao tempo previsto para o cumprimento da carga horária do curso. As observações quanto à qualidade do material elaborado pelo Gestar, como sempre, foram reveladoras de uma ótima opção de trabalho, registrando aceitação dos docentes e discentes envolvidos.